15 de abril de 2015

Dislexia- Transtorno de Aprendizagem - Luiza Gosuen


Definida como um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, a dislexia é o distúrbio de maior incidência nas salas de aula. Pesquisas realizadas em vários países mostram que entre 05% e 17% da população mundial é disléxica.
Ao contrário do que muitos pensam, a dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica ou baixa inteligência.
Ela é uma condição hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico.Por apresentar múltiplos sintomas é importante que a dislexia deve ser diagnosticada por uma equipe multidisciplinar, que irá proporcionar uma avaliação e melhor tratamento de acordo com a criança para um acompanhamento mais assertivo, sendo que as dificuldades observadas após o diagnóstico, será elaborado material de acordo com às particularidades de cada indivíduo, e conseguir resultados mais concretos .

Sinais de Alerta.

Como a dislexia é genética e hereditária, se a criança possuir pais ou outros parentes disléxicos, quanto mais cedo for realizado o diagnóstico melhor para os pais, à escola e à própria criança. A criança poderá passar pelo processo de avaliação realizada por uma equipe multidisciplinar especializada (vide adiante), mas se não houver passado pelo processo de alfabetização o diagnóstico será apenas de uma "criança de risco".
Sintomas mais frequentes: 
dificuldades com a linguagem e escrita; dificuldades em escrever; dificuldades com a ortografia; lentidão na aprendizagem da leitura;
Sintomas muito frequente:
disgrafia (letra feia); discalculia (dificuldade com a matemática) sobretudo na assimilação de símbolos e de decorar tabuada; dificuldades com a memória de curto prazo e com a organização; dificuldades em seguir indicações de caminhos e em executar sequências de tarefas complexas; dificuldades para compreender textos escritos; dificuldades em aprender uma segunda língua.
Sintomas não tão frequentes: 
dificuldades com a linguagem falada; dificuldade com a percepção espacial; confusão entre direita e esquerda.

Na Pré-Escola.

Fique alerta se a criança apresentar alguns desses sintomas:
  • Dispersão;
  • Fraco desenvolvimento da atenção;
  • Atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem;
  • Dificuldade em aprender rimas e canções;
  • Fraco desenvolvimento da coordenação motora;
  • Dificuldade com quebra cabeça;
  • Falta de interesse por livros impressos;
**IMPORTANTE
- Não forçar a criança a escrever sem que esteja pronta. 
- Não gritar com a criança quando estiver sendo alfabetizada.
- Não direcionar qual mão usar. Deixe-a exercer sua escolha. Poderá ser orientada, mas 
nunca forçada a ser DESTRA OU CANHOTA. 
- Lembre-se : a letra é também um traço de personalidade, portanto corrija a maneira de
segurar o lápis, o posicionamento da letra no caderno, as imperfeições na letra, mas não
queira que a criança tenha uma letra bordada. Se ela é uma criança líder, com pensamentos rápido e muita agilidade, isso será refletido em sua letra. Isso nem sempre significa letra feia.


O fato de apresentar alguns desses sintomas não indica necessariamente que ela seja disléxica; há outros fatores a serem observados. Porém, com certeza, estaremos diante de um quadro que pede uma maior atenção e/ou estimulação.

Idade Escolar.

**Importante avaliar de acordo com a escolaridade da criança, o ano que ela está, se é repetente, se acontecia anteriormente ou se aconteceu algum problema importante na família

Nesta fase, se a criança continua apresentando alguns ou vários dos sintomas a seguir, é necessário um diagnóstico e acompanhamento adequado, para que possa prosseguir seus estudos junto com os demais colegas e tenha menos prejuízo emocional:
  • Dificuldade no reconhecimento das letras (nome da letra e seu símbolo) 
  • Dificuldade na aquisição e automação da leitura e escrita;
  • Pobre conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no início das palavras);
  • Desatenção e dispersão;(colocar a carteira da criança mais na frente  para não desviar a atenção e melhor observação do professor)
  • Dificuldade em copiar de livros e da lousa;(observar se não tem problema de visão)
  • Dificuldade na coordenação motora fina (desenhos, pintura) e/ou coordenação motora grossa (ginástica,dança,esporte etc.);
  • Dificuldade na escrita quando a troca das letras se faz entres sons idênticos (sebo/cebola) ou quando são fonemas diferente com sons parecidos( f/v; p/b; p/t; v/z; b/d...)
  • Apresenta escrita espelhada
  • Salta palavras ou pula linhas na leitura.
  • Lê de memória quando tem figuras, mas não por ler a palavra ou frase.
  • Desorganização geral: podemos citar os constantes atrasos na entrega de trabalhos escolares e perda de materiais escolares;
  • Confusão na lateralidade ou seja, entre esquerda e direita;
  • Dificuldade com destreza manual, não acerta alvos e derruba tudo que pega.
  • Dificuldade em manusear mapas(localização dos lugares), dicionários (achar as palavras), listas telefônicas(ordem alfabética), etc...
  • Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou sentenças longas e vagas;
  • Dificuldade na memória de curto prazo, como instruções, recados, etc...
  • Dificuldades em decorar sequências, como meses do ano, alfabeto, tabuada, etc..
  • Dificuldade na matemática e desenho geométrico;
  • Dificuldade em nomear objetos e pessoas (disnomias) Troca de letras na escrita;
  • Dificuldade na aprendizagem de uma segunda língua;
  • Problemas de conduta como: depressão, timidez excessiva ou o "palhaço da turma";
  • Verificar participação dos pais nas tarefas escolares e diárias. (Fazer leituras, exercícios, brincadeiras, atividades domésticas e corrigir a fala e a escrita orientados pelos professores - observar se os pais ou empregados falam corretamente)
  • Bom desempenho em provas orais.
Se nessa fase a criança não for acompanhada adequadamente, os sintomas persistirão e irão permear na fase adulta, com possíveis prejuízos emocionais e podendo ter consequências sociais e profissionais.

Adultos.

Se não teve um acompanhamento adequado na fase escolar ou pré-escolar, alguns adultos disléxico ainda apresentam dificuldades:
  • Continuada dificuldade na leitura e escrita;
  • Memória imediata prejudicada;
  • Dificuldade na aprendizagem de uma segunda língua;
  • Dificuldade em nomear objetos e pessoas (disnomia);
  • Dificuldade com direita e esquerda;
  • Dificuldade em organização;
  • Aspectos afetivos emocionais prejudicados, trazendo como consequência: depressão, ansiedade, baixa auto estima e algumas vezes o ingresso para as drogas e o álcool.

DIAGNÓSTICO.

Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes de um diagnóstico multidisciplinar, só indicam um distúrbio de aprendizagem, não confirmam a dislexia. E não para por aí, os mesmos sintomas podem indicar outras situações, como lesões, síndromes e etc.
** Então, como diagnosticar a dislexia?
Identificado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na escola ou mesmo em casa, deve se procurar ajuda especializada.
Uma equipe multidisciplinar, formada por Psicóloga, Fonoaudióloga e Psicopedagoga Clínica irá iniciar uma minuciosa investigação. Essa mesma equipe deve ainda garantir uma maior abrangência do processo de avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais, como Neurologista, Oftalmologista e outros, conforme o caso.
A equipe de profissionais deve verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. É o que chamamos de AVALIAÇÃO MULTIDISCIPLINAR e de EXCLUSÃO.
** Outros fatores deverão ser descartados, como déficit intelectual, disfunções ou deficiências auditivas e visuais, lesões cerebrais (congênitas e adquiridas), desordens afetivas anteriores ao processo de fracasso escolar (com constantes fracassos escolares o disléxico irá apresentar prejuízos emocionais, mas estes são conseqüências, não causa da dislexia).
Neste processo ainda é muito importante tomar o parecer da escola, dos pais e levantar o histórico familiar e de evolução do paciente.
Verificar também se não é impaciência do professor, implicância direcionada ou até mesmo, intolerância por algum preconceito.
Essa avaliação não só identifica as causas das dificuldades apresentadas, assim como permite um encaminhamento adequado a cada caso, por meio de um relatório por escrito.

Depois de Diagnosticada a Dislexia.

Sendo diagnosticada a dislexia, o encaminhamento orienta o acompanhamento consoante às particularidades de cada caso, o que permite que este seja mais eficaz e mais proveitoso, pois o profissional que assumir o caso não precisará de um tempo para identificação do problema, bem como terá ainda acesso a pareceres importantes.

Tratamento

Ainda não se  reconhece a cura desse transtorno, porém com o tratamento multiprofissional o sucesso do resultado é considerado próximo de excelente. Algumas pessoas superam de forma que não regride os sintomas. Já outras pessoas, levam essa dificuldade com elas , sendo preciso muito esforço para superar. Por isso é muito importante o diagnóstico precoce para evitar rótulos depreciativos que apenas irão piorar a autoestima da pessoa. 
Conhecendo as causas das dificuldades, o potencial e as individualidades do indivíduo, o profissional pode utilizar a linha que achar mais conveniente. Os resultados irão aparecer de forma consistente e progressiva.
Ao contrário do que muitos pensam, o disléxico sempre contorna suas dificuldades, encontrando seu caminho. Ele responde bem a situações que possam ser associadas a vivências concretas e aos múltiplos sentidos. O disléxico também tem sua própria lógica, sendo muito importante o bom entrosamento entre profissional e paciente.
Outro passo importante a ser dado é definir um programa em etapas e somente passar para a etapa seguinte após confirmar que a anterior foi devidamente absorvida, sempre retomando as etapas anteriores. É o que chamamos de sistema MULTISENSORIAL e CUMULATIVO.
Também é de extrema importância haver uma boa troca de informações, experiências e até sintonia dos procedimentos executados, entre profissional, escola e família.

2 comentários:


  1. Alguns disléxicos conhecidos: Albert Einstein,Thomas Edison, Agatha Christie, Pablo Picasso, Leonardo da Vinci, John Kennedy, Tom Cruise, Walt Disney, Steve Spielberg, John Lennon, Bill Gates, Steve Jobs, Woop Goldberg. Em cada dez pessoas uma tem dislexia. 

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  2. Parabéns, Luiza. Seu post foi bem elucidadtivo em alguns pontos que tinha dúvidas sobre dislexia pra poder atualizar minha página sobre este assunto tão vasto e denso.

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