A Acumulação compulsiva ou Disposofobia (fobia em guardar coisas), consiste no ato de adquirir ou recolher objetos de pouca ou nenhuma utilidade, muitas vezes até encontrados no lixo. A acumulação compulsiva também é conhecida como Síndrome Diógenes, em referência ao filósofo grego que vivia como um mendigo recolhendo da rua inúmeros objetos sem valor. Talvez seja esse o primeiro relato de acumulação compulsiva na história.
Acumulação compulsiva é um transtorno emocional que abrange o comportamento com atitudes obsessivas dificultando um ato simples, que para muitos é fácil e até corriqueiro, que é o de se desfazer ou indispor de objetos sem necessidade. Isso, geralmente causa transtornos para a pessoa que sofre da doença e para os demais membros da família com prejuízo emocional, social, financeiro, físico e até mesmo legal.
Os Acumuladores Compulsivos juntam grande quantidade de coisas e tudo sem higiene, sem local apropriado para a estocagem, ocupando toda área da casa sem nenhum senso critico em relação à normalidade de funcionamento da casa. Nos casos graves o paciente começa com o armazenamento no próprio quarto, acumulando quinquilharias, colecionando todo tipo de objeto, depois passa para outros cômodos da casa e do quintal, até ficar tudo ocupado sem condições até mesmo de circular dentro da casa. Esse comportamento apavora familiares e amigos, pois além de ser uma atitude que causa angústia a quem vê, tem ainda o problema de surgimento de todo tipo de animal peçonhento devido ao lixo e falta de higiene.
Qual a relação entre Acumulação Compulsiva e TOC
Estudos tendem mostrar que a Acumulação Compulsiva (AC) é uma síndrome separada do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) apesar de ter muitos sintomas semelhantes ao TOC como fobias, ansiedade e depressão. Alguns pacientes com Acumulação Compulsiva grave nem sempre apresentam os critérios diagnósticos para o TOC.
Atualmente o Transtorno de Acumulação Compulsiva está classificado isoladamente no DSM-5 (Classificação Norte- Americana de Psiquiatria), por se tratar de um distúrbio distinto do TOC porém, a Acumulação Compulsiva pode ser um sintoma de certos casos de TOC, quando recebe o nome de “Colecionismo”.
Segundo critérios de diagnóstico da DSM-5, os sintomas da doença são suficientes para causar sofrimento significativo ou prejuízo no seu desempenho profissional , social e ocupacional do paciente. A maioria dos pacientes com Acumulação Compulsiva (AC) tende a ser de mulheres e em idade mais madura.
Diagnóstico
Algumas atitudes observadas para definir o diagnóstico de Acumulação Compulsiva(AC):
1- Recolher e acumular excessivamente bens e objetos como sucatas ou lixo, embalagens, jornais velhos, potinhos, eletrodomésticos estragados, etc... e amontoá-los de qualquer maneira.
2- Incapacidade ou grande dificuldade, seguida de angústia e indecisão para descartar os objetos acumulados.
3- Viver em condições precárias de salubridade e em desorganização por conta do acumulo excessivo dos objetos, além de não permitir que ninguém arrume ou limpe essa bagunça.
4- Desvirtuar o espaço da casa para ocupá-lo com os objetos acumulados.
5- Negar que seja exagerado o acúmulo compulsivo de coisas.
6- Ter vergonha e constrangimento deste hábito e, mesmo assim, não conseguir controlar o impulso.
Uma das recomendações dos manuais de classificação, com a finalidades de avaliar a gravidade do quadro é sobre o juízo crítico e noção da morbidade que o portador do transtorno tem sobre sua situação.
Um outro requisito para o diagnóstico de Acumulação Compulsiva é que todos esses sintomas não fazem parte do quadro sintomático de outro transtorno mental, como demência, estados confusionais e o TOC.
Importante levar em conta os critérios de valores e as crenças dos pacientes sobre seu comportamento de coleta excessiva de objetos. No caso da Acumulação de Animais avalia-se, da mesma forma, o juízo crítico sobre o controle do espaço, os eventuais problemas sanitários envolvidos, a qualidade de cuidados dispensada aos animais, entre outros.
Alguns casos de TOC que não tiveram sucesso no tratamento se aplicam também no caso dos Acumuladores Compulsivos.
Existe três critérios importante de sucesso no tratamento e estão atrelados a autocrítica do paciente:
1- Visão boa ou razoável em relação a doença: Quando o paciente reconhece que as crenças e comportamentos referentes à dificuldade de descartar objetos recolhidos e à desordem são realmente problemáticas e gostaria que não fosse assim.
2- Percepção Pobre em relação a doença: É quando o paciente acredita que seu comportamento referentes a dificuldade para descartar objetos, à desordem ou acúmulo excessivo não são problemáticas, apesar das evidências mostrarem o contrário.
3- Percepção Delirante da doença: Quando o paciente está completamente convencido de que seus comportamentos apresentados não causam problemas nem para ele nem para os outros, e que tudo é normal. A ausência dessas percepções é um dos fatores consistentemente associados ao insucesso do tratamento, bem como ao abandono dos medicamentos e da terapia.
Embora a acumulação compulsiva não seja uma perturbação mental presente desde sempre na vida da pessoa, alguns traços de personalidade cumulativa e comuns nesse transtorno podem ter existido precocemente como guardar cadernos de anos passados, roupas que não servem mais, objetos quebrados ou remendados, cartas ou bilhetinhos de pessoas que passaram pela sua vida, etc... Em momento oportuno eclode a doença, seja depois da morte de um familiar, diante de dificuldades econômicas, de conflitos pessoais ou profissionais, enfim, depois de uma experiência vivencial mais traumática.
Tratamento
A terapia cognitivo-comportamental é um tratamento adequado, pois atua diretamente nos problemas emocionais do paciente para localizar as causas da acumulação compulsiva e descobrir as raízes da ansiedade. Essa terapia pode durar meses e até anos e exige grande persistência do paciente no processo de recuperação para garantir sucesso e que, o paciente acumulador compulsivo possa readquirir novos hábitos , equilíbrio emocional e normalidade nas atividades de vida diária.
A terapia pode algumas vezes ser combinada com a medicação, agilizando os resultados. Os medicamentos usados são semelhantes aos que são administrados em pacientes que sofrem de transtornos obsessivos compulsivos, que são os inibidores da reposição de serotonina, além de outros antidepressivos.