26 de setembro de 2016

Transtorno Alimentar -Alotriofagia ou Pica (comer coisas estranhas) - Luiza Gosuen

Alotriofagia- Significa hábito de comer coisas estranhas. Vem da junção das palavra "alotrio"
( estranho) e "fagia" (comer).
Conhecida também como Síndrome de Pica tem como característica ingerir objetos sem valor nutritivo como gelo, telha, tijolo, terra, lama, pedaços de pano, cabelo, papel,  giz, carvão, esponja, sabonete e até objetos perigosos como giletes, vidro, pilhas, pedaços secos de tinta, pedaços de metal e correr o risco de envenenamento por chumbo ou desenvolver infecções.   
* Curiosidade - O nome Síndrome de Pica é em homenagem a Pica-pica, nome popular da ave "pega-rabuda" da família dos corvos , comum na Europa e Ásia e que come tudo que acha.

Causas desse transtorno-  Esse transtorno pode ocorrer em crianças pequenas, desnutridas ou não, ainda bebês na fase oral e persistir até adolescência. É observado também em mulheres grávidas com anemia, pessoas com deficiência intelectual, pacientes com esquizofrenia, autismo e transtorno obssessivo-compulsivo. Atinge homens e mulheres em todas as idades. 



As causas físicas são mais fáceis de serem diagnosticas e superadas, porém as de origem comportamentais devem ter um critério mais elaborado para chegar a um tratamento eficaz e resultado consistente.



A Alotriofagia é classificada conforme o tipo de material ingerido pelo indivíduo.
As mais comuns são:
Geofagia: consumo de terra, argila;
Lithofagia - comer pedras, pedregulhos, botões;
Trichofagia - comer cabelo, lã , tecidos, esponja;
Pagofagia – comer gelo;
Acufagia – ingerir objetos pontiagudos, pregos, alfinetes;
Cautopireiofagia – ingerir palitos de fósforo apagados;
Coniofagia – ingerir pó, talco, cinzas, sabão em pó, sabonete;
Ctonofagia – ingerir terra , argila;
Hematofagia: consumo de sangue;
Hialofagia: consumo de vidro;
Xilofagia – comer madeira;

O diagnóstico se torna mais difícil à medida que se considera as condições de vida do paciente, nem sempre precária, e seu comportamento mediante a família e amigos, que é de esconder essa condição por vergonha. 

Existem casos que são atitudes típicas de culturas de algumas regiões e até rituais religiosos como ingerir mucos, excrementos, vômitos etc. 

A confirmação do diagnóstico se dá depois do fato ocorrer com a frequência de pelo menos um mês.

O tratamento consiste em exames para saber como está a saúde física e mental do paciente a fim de elaborar um diagnóstico eficaz e orientar o paciente. Pode ser desde fazer uso de suplementos multi-vitamínicos para suprir deficiência nutricional, e nesses casos em poucos meses o resultado do tratamento é considerável e pode inclusive desaparecer, porém o quadro pode ser mais grave e ter que usar medicamentos para atitudes  incontroláveis de comportamento como angústias , depressão , conflitos emocionais não resolvidos e fatores estressores em crianças e adolescentes, como separação dos pais e abuso sexual que poderiam  desencadear o sintoma.

O prognóstico do paciente quando feito por uma equipe multidisciplinar (médico, psiquiatra, psicólogo e nutricionista) é capaz de chegar a um resultado eficaz, onde cada profissional poderá estender sua atuação com a vivência e hábitos do paciente.

1 de setembro de 2016

Cleptomania- Um impulso cego- Luiza Gosuen



"Cleptomania é uma necessidade incontrolável de preencher os vazios que afloram da alma. Qualquer coisa pode ocupar e preencher esse espaço de carência, carinho e atenção para que a pessoa não se sinta desmotivada e sem sentido". Luiza Gosuen


Cleptomania é um transtorno do controle dos impulsos de furtar de maneira repetitiva, objetos de pequeno valor e até inúteis para a pessoa que pratica esse ato, que de maneira incontrolável causa problemas inclusive de ordem judicial e constrange seus familiares, pois na maioria das vezes a pessoa não passa por necessidades financeiras.


O cleptomaníaco não apresenta nenhum sintoma antes de cometer o primeiro furto. Aparentemente estava tudo bem até que o impulso surge deixando a pessoa envergonhada e, por não falar nada pra ninguém, o impulso volta e vai se tornando reincidente. Alguns casos foram observados onde tudo começa depois de acontecimentos traumáticos em que a pessoa não consegue superar e esses impulsos de se apossar de alguma coisa são como forma de preencher um vazio que se formou na vida daquela pessoa. 

Causa e consequência da cleptomania

Distúrbio que aparece com mais frequência nas mulheres, normalmente no início da fase adulta e nos homens por volta dos 50 anos. Não se tem comprovação ainda do por quê a frequência ser maior nas mulheres, mas penso que o fator hormonal e emocional é mais exacerbado nas mulheres, o que proporciona um desnível de insatisfação no humor e no controle das emoções causando carência e sensação de vazio interior. Muitas vezes essas pessoas se tornam acumuladores e pessoas descuidadas de si mesmas à procura de alguma coisa, qualquer coisa que lhe faça sentido. 

A Cleptomania tem  características de comportamento semelhantes aos observados em outros transtornos como no Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) onde a pessoa apresenta comportamentos exagerados , repetitivos e compulsivos e na Bulimia que é o impulso incontrolável de comer sem parar, até vomitar. 
Por essas semelhanças, estudos e pesquisas estão sendo desenvolvidos para saber se a Cleptomania e a Bulimia podem ser uma variante do TOC , por serem também impulsos incontroláveis e repetitivos que geram constrangimento após o ato, em quem os comete. 

A Cleptomania é um impulso de ansiedade que usa o furto como forma de aliviar sua tensão, e para que seja considerada um transtorno impulsivo de furtar, não pode ser uma resposta a qualquer tipo de delírio psicótico ou estar associado a outro estado de doença mental que envolva conduta com atitudes e sentimentos violentos ou de personalidade antissoacial. 


O Cleptomaníaco executa sua ação sem exitar ao perceber que tem a oportunidade, evitando ser repreendido por seguranças, desviando de câmeras e pessoas que possam observar seus atos. Alguns apresentam culpa pelo que fazem e até depressão por não terem o controle de seus atos . Muitas vezes, não procuram apoio na família ou com amigos que nem sabem do problema e não buscam por um tratamento profissional  por sentir vergonha de contar o que fazem e serem discriminados.

Maneiras de atuação do cleptomaníaco:

*Esporádica - cometem alguns furtos ocasionais e depois demoram a cometer novamente o ato, sentem-se culpados. 
*Episódica - cometem furtos frequentes, dão um espaço de tempo e retomam em seguida, sem culpa.   
*Crônica - cometem furtos com frequência, sentem-se culpados de imediato, mas voltam a cometer o ato logo em seguida.

Diagnóstico

O diagnóstico deve ser feito com cuidado pois existem bandidos que furtam e querem se passar por cleptomaníacos, mas são ladrões de objetos de valor insignificantes, como é o caso dos que furtam para vender o objeto e em seguida comprar droga para seu consumo, esses são drogaditos e ladrões. Tem ainda os ladrões que sentem prazer em furtar qualquer coisa, de qualquer valor, sem que isso lhes traga constrangimento ou arrependimento.
Os cleptomaníacos são pessoas com transtorno, dificuldade em controlar o impulso de subtrair objetos de pequeno valor e até sem nenhum valor e podem inclusive depois de aliviar a tensão por se apossar do objeto, deixar esse objeto ali mesmo dentro da loja em local diferente de onde pegou e nem levar o objeto pois já passou o impulso, baixou a ansiedade e agora se sente bem.

Tratamento

O tratamento consta de acompanhamento psicológico e nos casos mais complexos inclui também medicamentos antidepressivos e ansiolíticos. Alguns pacientes sentem prazer na adrenalina por enganar alguém e fazer algo escondido. Em outros, a sensação de superar o medo gera sensação de prazer e outros, se culpam por não controlar seus impulsos.

**Procure ajuda profissional e conte para alguém de sua confiança para ajudá-lo.
Não omita o problema, as consequências podem se complicar com o tempo.